12/09/2013 by Fernando Mesquita
Você sofre, você sente, você se ressente, mas as provas do Cespe estão sempre presentes. Vamos falar hoje sobre essa grande e “complexa” banca. O Cespe, embora já seja uma das maiores do país, tem crescido cada vez mais. Isso se mostra principalmente pelo fato de certames que, tradicionalmente pertenciam a outros terrenos terem sido conquistados (a exemplo da recente prova de AFT/2013). Se você veio buscando uma fórmula mágica, o caminho do sucesso nos concursos públicos é muito simples: Não temos como fugir disso.
Este artigo tem muitos números. Se você não tem familiaridade com eles, não se preocupe. Serão simples. Semana passada, perguntei a você se você tinha feito a última prova da PRF. Se não fez, sem problemas. Ela servirá apenas de exemplo para o que vamos trabalhar aqui. A título de curiosidade, 32% dos respondentes disseram que sim, que fizeram a prova. Pedi, então, para esses participantes classificarem a prova em nível de dificuldade – uma escala de 5 pontos que ia de “Muito fácil” a “muito difícil”. Agora, proponho um exercício mental. Se você fosse prever qual o resultado, o que você diria? Sério, pense nisso. É importante. Estamos desenvolvendo, ao mesmo tempo, o senso crítico e a criatividade. Eu espero. Pensou?
Ok, dos participantes, 38% acharam a prova difícil. Em segundo lugar, do pessoal que respondeu, 10% considerou o certame “Fácil” ou “Muito fácil”. Mas a parte mais interessante vem agora: dos participantes, exatos 50% acharam a prova regular. E isso é exatamente o que vamos falar a partir de agora.
A importância de se deslocar da massa
Vou te falar algo que talvez choque, talvez te faça sofrer, mas o que gostaria é de expor um ponto que deveria ser simples:
1. o nível das provas dentro de um determinado espectro tende a variar pouco.
Considere provas que acontecem de forma mais ou menos regular: Receita Federal, Diplomacia, etc. O nível delas muda radicalmente de um ano para outro? Dificilmente. É claro que tendemos a considerar a dificuldade pela dificuldade que nós sentimos. Para as pessoas que responderam à enquete sobre a dificuldade, àqueles que disseram que fizeram a prova eu perguntei “O que você achou da prova”, não “qual foi o nível de dificuldade da prova“. Embora duvide que o resultado seria muito diferente, há diferenças importantes entre essas duas perguntas. O nível de dificuldade da prova provavelmente não estava maior do que o das provas anteriores (2010, 2008, etc.). Era uma prova diferente, realizada por bancas diferentes, com um número diferente de vagas. Portanto, é muito difícil afirmar categoricamente qualquer coisa. Mas é fato que ao longo do tempo, sua aprovação depende muito mais do seu nível de conhecimento do que da dificuldade da prova. “Mas Fernando, então por que eu não passei?”. Bom, isso nos leva ao segundo ponto:
2. Existe um nível mínimo de conhecimento necessário para a aprovação
Quando nós começamos a estudar, nosso conhecimento se comporta mais ou menos como na figura abaixo: Isso quer dizer, como nos mostra a singela ilustração acima, que o seu conhecimento é menor do que o necessário para a aprovação. Daí vem o brocardo “ninguém nasce sabendo”. Você não nasceu sabendo, então tem de aprender. É a fase do “parece fácil, mas é difícil”. É o início. Mas daí vem a parte engraçada, quando você estuda, estuda, estuda e não passa. O que acontece? Essa segunda etapa poderia muito bem ser representada pela figura a seguir:
Você sabe uma grande quantidade de conteúdo. Mas, mesmo assim não passa. Estranho. Isso nos leva à terceira etapa:
3. O seu conhecimento tem de estar alinhado ao que é cobrado na prova.
Na verdade, a saída acima, para fins de concurso, é irrelevante. Incontáveis são as vezes que pessoas que muito sabem mas não se desenvolvem e não são bem-sucedidas por falta de uma única circunstância: alinhamento. Alinhamento é saber o que a banca cobra. É saber o que ela quer. E, mais do que isso, ter condições de responder certo. Então, a peça fundamental nos concursos, principalmente do Cespe, além dos estudos, é a questão do alinhamento – que seria mais ou menos como na figura a seguir: Clique aqui e receba gratuitamente técnicas e estratégias de estudos para concursos públicos O estudo para concursos às vezes parece tão complexo que qualquer pequeno passo que você dá em direção à aprovação já deixa para trás milhares de candidatos. Às vezes, parece absurdo, mas uma hora de estudos a mais, algumas centenas de exercícios resolvidos, algumas sessões de revisões a mais são capazes de nos deslocar da massa em direção à aprovação. Para mostrar o quão impactante é esse efeito, vamos trabalhar um pouco com os resultados obtidos na última prova para Policial Rodoviário Federal, realizada pelo Cespe em 2013. A prova valia 120 pontos (como muitas provas da banca). Milhares de pessoas se inscreveram, como era de se esperar, principalmente porque haviam 1.000 vagas anunciadas (a quantidade de vagas é um dos fatores que, isoladamente, mais influenciam a quantidade de inscritos em qualquer concurso. A relação é diretamente proporcional, ou seja, quanto mais vagas, mais inscritos). No resultado preliminar, foram aprovados 5.017 candidatos, distribuídos conforme o gráfico abaixo. Dê-se um minuto para analisá-lo, porque ele reflete a esmagadora maioria das provas realizadas por QUALQUER banca do país em tempos recentes. A linha azul indica a pontuação (então, 63 indica 63 pontos realizados, de um total de 120). A linha vermelha, por sua vez, indica a quantidade de candidatos que atingiram aquela nota. Então, nos 63 pontos nós temos 483 candidatos. 465 fizeram 64 pontos e um candidato fez 98 pontos, a maior nota da prova. Analise o gráfico com calma e tire algumas conclusões dele.
Feito? A primeira conclusão interessante a ser retirada é que… bom… tem um bocado de números ali. Mas uma vez que você começa a analisar esses números eles te dizem algo:
1. A subida é cada vez mais solitária.
Tenho falado isso aqui, falei isso diversas vezes em O Sucesso nos Concursos – de A a Z e continuarei falando, porque é verdade. Se você tira 63 pontos da prova do DPRF, tem outras 483 pessoas para te acompanhar. Mas isso já é estar no topo, porque se você tirou menos que isso está junto de outras cento e quatro mil pessoas, que não chegaram nem a essa pontuação. Então, ufa, já estamos melhores. Mas perceba que a descida é bastante íngreme e, quanto mellhor você vai, menos gente tem para compartilhar. Se em vez de tirar 63 pontos você tivesse tirado 10% a mais, ou aproximadamente 70 pontos, teria que compartilhar sua posição com 306 pessoas (e ainda estaria atrás de mais de 2.000 que tiraram notas melhores que a sua). Mas daí vem o grande pulo: melhorando mais 8%, você estaria dentro das vagas, ou seja, no meio das 1.000 pessoas que tiraram a nota mínima para a aprovação. Você vê o quão pouco é o ganho necessário para ser aprovado? É claro que você pode argumentar “ah, mas lá tinha mil vagas”. Ok, mas guardadas as proporções, todas as provas são semelhantes. Não acredita? Então me acompanhe até o próximo ponto e pasme:
2. As provas têm dinâmicas semelhantes.
Órgão Cargo Vagas 1º 2º 10º 20º ANS Analista Administrativo 27 87 (72,5%) 87 (72,5%) 80 (66,66%) 78 (65%) DEPEN Agente Penitenciário 95 102 (85%) 100 (83,33%) 93 (77,50%) 92 (76,66%) IBAMA Analista Administrativo 25 (DF) 80 (66,66%) 79 (65,83%) 74 (61,66%) 70 (58,33%) MP Analista de Infraestrutura V 32 91 (60,66%) 90 (60,00%) 84 (56,00%) 79 (52,66%) TJDFT Técnico Judiciário – administrativo 82 96 (80,00%) 96 (80,00%) 91 (75,83%) 90 (75,00%) TJDFT Analista Judiciário – Área Judiciária 14 87 (72,50%) 84 (70,00%) 82 (68,33%) 80 (66,66%) TCU Técnico Federal de Controle Externo 22 128 (85,33%) 123 (82,00%) 114 (76,00%) 111 (74,00%) Anatel Técnico Administrativo 39 102 (85,00%) 98 (81,66%) 93 (77,50%) 90 (75,00%) DPRF Policial 1000 98 (81,66%) 96 (80,00%) 91 (75,83%) 90 (75,00%)
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Muitos dos concursos que são divulgados têm pelo menos 20 vagas. Repare que, tirando o concurso do DEPEN (2013), todas as provas coletadas têm a nota do vigésimo colocado igual ou menor do que 75% (lembre-se que esse percentual refere-se ao “líquido”, ou seja, já descontados os erros). Além desses vários exemplos, com certeza se você procurar outros terá resultados muito parecidos. As notas em determinadas posições são próximas. Veja, por exemplo, as notas do 2º colocado na Anatel (em 2012) e no DPRF (em 2013). São provas completamente diferentes, para cargos diferentes, níveis diferentes de complexidade, mas… têm menos de 2 pontos percentuais de diferença entre os segundos colocados de ambas. O que isso significa?
3. É possível prever com razoável grau de certeza a aprovação.
Oras, é claro que essa é uma afirmação audaciosa. Mas, considerada uma prova, qualquer prova do Cespe, posso afimar categoricamente que se você fizer 90% da prova, você será o primeiro colocado. Você pode estar pensando “Oh, grande novidade. Ninguém faz 90% da prova”. Bom, primeiro, não sei se isso é verdade (embora eu pretenda averiguar esse tipo de informação no Concursandos – o livro). Em segundo lugar, o fato de uma afirmação como essa poder ser feita significa que há certos patamares. Nossa amostra não é grande o suficiente para ter 100% de certeza, mas posso afirmar para você que, em um concurso do Cespe que tenha pelo menos 20 vagas, uma nota equivalente a 76% da prova praticamente garante sua aprovação. (Isso é tão bonito que deveria tornar-se um enunciado. bom… por que não?)
ENUNCIADO 1 em um concurso do Cespe que tenha pelo menos 20 vagas, uma nota equivalente a 76% da prova praticamente garante sua aprovação
Isso é autoexplicativo e significa exatamente o que está escrito. O que quer dizer para você, que está se preparando? Que, se você se encaixa nessa situação e tem obtido um desempenho assim nas provas, pode saber que está no caminho certo. Significa que não precisa mais estudar? Claro que não. Mas significa que está no caminho certo.
A separação da massa
Se você já estuda há algum tempo, sabe que a persistência é a maior vencedora nesse ramo. Portanto, o melhor que você tem a fazer é se concentrar no processo e deixar o estudo fluir. A “massa” a que me refiro é aquela que não é aprovada, não estuda direito, não se esforça e se acha no direito de criticar o sistema. A “massa” não é servidora pública e provavelmente nem vai ser (o que, inclusive, é um excelente mecanismo de seleção de pessoas que entendem que lidar com o sistema é parte do trabalho). A “massa” são as pessoas que tiram menos do que o mínimo para o corte. É o pessoal que fica com menos de 63 pontos na prova da PRF. Você faz parte da massa? A maioria de nós já fez parte da massa (e não me refiro às mentes privilegiadas que estudaram para o primeiro concurso e passaram porque, bem, eles são ‘pontos fora da curva’). A maioria dos aprovados já passou por ela, mas foi capaz de subir. Se você quer sair da massa, estude, aplique-se e adquira uma estratégia. Uma das formas mais rápidas de fazer isso, sem dúvida, é aplicando o Ciclo EARA, que tantos benefícios nos tem trazido em sua bonita simplicidade.
Para fazer provas do Cespe, além de conhecimento é preciso estratégia
Estratégia é saber o que estudar, onde se focar, o que responder, onde investir. Muitas vezes, assumimos certa resistência em relação a novos comportamentos que são necessários. Às vezes, uma mudança de banca nos obriga a rever toda a estratégia. A prova do Bacen de 2013 será igual à última? Dificilmente. Assim como a prova de AFT foi diferente da anterior. Especificamente sobre provas do Cespe, a maior dificuldade que os candidatos enfrentam é uma grande resistência em relação a não responder as questões. Oras, esse comportamento é compreensível. A maioria dos candidatos faz, ao longo de sua “carreira” provas que são de múltipla escolha. Essas, via de regra, não penalizam as respostas erradas (a exemplo do que faz o Cespe). Portanto, as notas tendem a ser muito mais altas do que em provas de Certo ou Errado (geralmente, com o primeiro colocado com pontuação em torno de 90% da prova). Os pontos mais importantes da estratégia em relação ao Cespe são os seguintes:
1. Aceitar que não responder faz parte da prova.
Isso deveria ser simples. Mas é uma grande dificuldade. Como fazer?
- Pratique fazendo muitas, muitas questões do Cespe. Em cada uma, pense: “Eu sei a resposta ou acho que sei?” Aprender a diferenciar o chute da certeza é um ponto fundamental. Dica: “Chute” é tudo aquilo que você não tem 110% de certeza.
2. Aprender a lidar com o estilo da banca
Isso é uma decorrência do item anterior. Quando você faz questões, começa a entender o estilo, quais expressões mais observar e qual a “cara” de uma questão certa ou de uma questão errada. Faça todas as questões que você puder. Depois dobre a quantidade. Repita desde o início.
3. Saber o que a banca vai cobrar.
Hein? Não, você não leu errado. Lembra quando falamos de alinhamento, o 3º estágio dos estudos? Aquilo é só uma projeção. Aquilo é o mundo ideal. O mundo ideal varia de extremos entre os abaixo vistos: O ideal, claro, é que cheguemos o mais perto possível da etapa da esquerda. Foi isso que fez o primeiro aprovado no concurso da PRF/2013. Ele alinhou o máximo que era possível naquelas circunstâncias e foi o melhor dos 110 mil candidatos inscritos. O alinhamento com a banca é decorrência de conhecer as provas, conhecer as questões e usar os materiais que são pedidos. Com o tempo, você começa a perceber quais são os autores prediletos e quais os posicionamentos normalmente adotados. Não só com o Cespe, mas com qualquer banca com que você for trabalhar. Mais uma vez, a importância do foco. Quanto maior for a definição de seu objetivo, melhores serão suas chances. Bons estudos e sucesso, P.S.: Antes de perguntar se “com a nota X você será aprovado(a), leia abaixo: